Nenhum contraponto
Nenhum emblema tórrido
Que ao menos chegue a algum ponto
Apenas um penacho na tua boca rota
Um galho de árvore numa pessegueira solta
E uma família de suricates pra me acompanhar.
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
domingo, 25 de novembro de 2012
Rasga-me novamente, para sempre.
Naquele momento seu rosto era inteiramente meu. Eu podia beijá-lo onde eu quisesse e do jeito que bem me viesse. Aquele rosto que antes nem sequer tinha a ousadia de olhar de frente, senão por fotos. Agora, em meu quarto cheio de folhas e rabiscos esmiuçados em notas de amor, estávamos sentados em minha cama vazia de substrato. O substrato estava em meu corpo que lutava contra a etiqueta para não contorcer-se desesperadamente diante daquele momento mudo de uma vastidão que nutria desesperadamente minha autonomia. Eu, logo eu naquele instante que mal podia comigo, podia mesmo assim beijar seus lábios à minha forma. Se quisesse ainda, podia gozar em abraços, beijar suas mãos, sua orelha ou sentir o cheiro da crespidão de seus cabelos, ou ainda, veja só, ainda poderia amar de todas essas formas!
Por mais absurdo que me aparentasse, ainda continuávamos na mesma posição já denunciada de nossa escolha: Queríamos um ao outro tal como é o vai e vem do mar que lambe a terra, deixando-a nua e molhada, numa sede que continua insaciável segundo após segundo.Ah! Por falar em mar, esqueci-me de dizer-lhe, enquanto olhava para ver se sua pupila pulsava feito meu coração errante, que eu era do mar. Em minhas mãos espalmadas podia se ver a transpiração exacerbada e constrangedora do bater da maresia em naus de tempos miticamente guardados, tempos da descoberta lusitana em terras indígeno-brasileiras. Podia se ver também a frescura gélida do encontro das ondas em noites de lua laranja em minhas mãos e em meus pés. Todas essas sensações marítimas esqueci de lhe falar naquele instante. Mas, as palavras faltavam-me à boca assim como faltava-me toda a infelicidade de meu desassossego sem resposta que vivi naquelas 3 semanas anteriores.
Faltava-me o calor de teu colo em minhas mãos gélidas. É que naquelas 3 semanas em que ficamos sem nos falar eu já não era mais de mim o que fui com você. Eu só era o sal e a espuma lá do fundo do oceano. Fostes para a tua terra e deixaste-me sem nenhuma precaução de ver-te regressar. Sei, disseste-me infinitas vezes da irremediável natureza de tua viagem; e eu compreendi como quem vê o brochar de uma orquídea negra que não está em meu jardim. Foste e disseste-me que ficava em pensamento, mas eu, na minha amplidão cega por apenas te querer, vi a agonia de minhas lágrimas ao escorrerem sufocadas por minhas bochechas, deixando a prova do que fizeste comigo naquele momento.
O primeiro dia sem ti foi a palavra que não chegou à garganta ao ver em teu lençol marrom e amarelo o cheiro de tuas elevações e de tua pelugem cor de raios de sol batendo nos olhos castanhos ao entardecer costeiro.
Sem mais. Sem mais. Sem mais. Esquece, ora, eu! Esquece disso tudo e volta e te concentra neste momento! Fita-a o mais demorado que o comprometimento de seus olhos permitirem à ti.
Eu largo toda aquela agonia que me destes pelo cometer do que vamos fazer nesta ora! Eu preciso deste teu calor que me escapa, que não acho em lugar algum. Preciso pois já é de doer-me bastante ouvir sem ti os poemas musicados, que se antes de te conhecer pouco me faziam notar-lhes, depois de nossos gemidos DESABAFADOS agora me eram sensação pura de teus cabelos molhados ao vento.
Continuávamos naquele jogo de olhares, e seu olhar, agora estrangeiro, me olhava, me olhava queimando queimando como o céu no inferno. Meu paraíso era ali, naquele instante, naquele momento que prenunciava o que nós dois já sabíamos mas que amávamos por não realmente saber.
E o beijo veio feito brisa mole, feito poesia bem feita, feito a afinação de tua voz cantando Bethânia para todo o meu corpo.
Por mais absurdo que me aparentasse, ainda continuávamos na mesma posição já denunciada de nossa escolha: Queríamos um ao outro tal como é o vai e vem do mar que lambe a terra, deixando-a nua e molhada, numa sede que continua insaciável segundo após segundo.Ah! Por falar em mar, esqueci-me de dizer-lhe, enquanto olhava para ver se sua pupila pulsava feito meu coração errante, que eu era do mar. Em minhas mãos espalmadas podia se ver a transpiração exacerbada e constrangedora do bater da maresia em naus de tempos miticamente guardados, tempos da descoberta lusitana em terras indígeno-brasileiras. Podia se ver também a frescura gélida do encontro das ondas em noites de lua laranja em minhas mãos e em meus pés. Todas essas sensações marítimas esqueci de lhe falar naquele instante. Mas, as palavras faltavam-me à boca assim como faltava-me toda a infelicidade de meu desassossego sem resposta que vivi naquelas 3 semanas anteriores.
Faltava-me o calor de teu colo em minhas mãos gélidas. É que naquelas 3 semanas em que ficamos sem nos falar eu já não era mais de mim o que fui com você. Eu só era o sal e a espuma lá do fundo do oceano. Fostes para a tua terra e deixaste-me sem nenhuma precaução de ver-te regressar. Sei, disseste-me infinitas vezes da irremediável natureza de tua viagem; e eu compreendi como quem vê o brochar de uma orquídea negra que não está em meu jardim. Foste e disseste-me que ficava em pensamento, mas eu, na minha amplidão cega por apenas te querer, vi a agonia de minhas lágrimas ao escorrerem sufocadas por minhas bochechas, deixando a prova do que fizeste comigo naquele momento.
O primeiro dia sem ti foi a palavra que não chegou à garganta ao ver em teu lençol marrom e amarelo o cheiro de tuas elevações e de tua pelugem cor de raios de sol batendo nos olhos castanhos ao entardecer costeiro.
Sem mais. Sem mais. Sem mais. Esquece, ora, eu! Esquece disso tudo e volta e te concentra neste momento! Fita-a o mais demorado que o comprometimento de seus olhos permitirem à ti.
Eu largo toda aquela agonia que me destes pelo cometer do que vamos fazer nesta ora! Eu preciso deste teu calor que me escapa, que não acho em lugar algum. Preciso pois já é de doer-me bastante ouvir sem ti os poemas musicados, que se antes de te conhecer pouco me faziam notar-lhes, depois de nossos gemidos DESABAFADOS agora me eram sensação pura de teus cabelos molhados ao vento.
Continuávamos naquele jogo de olhares, e seu olhar, agora estrangeiro, me olhava, me olhava queimando queimando como o céu no inferno. Meu paraíso era ali, naquele instante, naquele momento que prenunciava o que nós dois já sabíamos mas que amávamos por não realmente saber.
E o beijo veio feito brisa mole, feito poesia bem feita, feito a afinação de tua voz cantando Bethânia para todo o meu corpo.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
não posso/quero mais odes
Mãos frias e suadas. Pés suados e frios.
Daquele sorriso que os olhos ficavam apertados, sem medo de apertá-los. Agora o guardo apenas em mim. O outro, de tecelagem não simples mas que se transborda na facilidade que é não ter de apertar os olhos para pessoas que passam longe de meus apertos mais profundos, ou ainda mesmo é aquele sorriso de cordialidade e de indisposição na amostra de meu ser, seria apenas um desenho sem sombreações, apenas o traçado desajeitado. Enquanto noutro, é de minha emoção mais pura.
Dessas facilidades de criança é que me pego pensando numa dessas noites ociosas de uma lua bifásica, ou melhor, de uma noite que se mostra de diferentes ângulos no meu corpo expresso em suor e frio ao mesmo tempo.
Um chacoalhar, é isso. O som do chacoalhar das águas; seriam aquelas salgadas e mansas?
É esse som que escuto no Ipod durante essas mesmas noites iluminadas pelo abafar do concreto e da floresta que permeiam o apartamento. Escuto, escuto. Voo longe. Sorrio e desfaço. Penso no tempo que nem ao menos chegou de ser. E chegará?
Verdade mesmo é que é no tratado destas palavras que eu falo de um homem que nem sei mais se existe ou se vale realmente à pena exorcizar. Mas é desmistificando que vem o desapego. Meu quereres é caetanáutico e ao mesmo tempo apenas unilateral e sólido. No imediatismo de meu poro é que se dissolve a a bebedura de águas limpas e novas. Se me perguntares o porquê direi apenas da sensação que é pensar sem querer. Direi apenas do amargor de que é ver sem saber bem o quê. E, ainda falarei da lástima que é ter a sensação de que você mesmo em sangue vivo se dissolva e pouco comova algum sentimento. Pois o sentimento intacto de mim mesmo ainda está e ainda vive. Mas esse que você insiste em dizer que eu causei e que portanto foi consequência da mesma essência do sentimento intacto em mim, esse, eu duvido de você.
Observo-te bem de frente, nos olhos que tu olhou em vitro. E não sei. Penso comigo mesmo quem é tu? Que fizeste mesmo da face que tinhas? Aquelas Odes conseguiram ultrapassar o acúmulo de apenas uma experiência?
Se chegou não sei [e também não entendo o porquê de tanto receio] mas o caminho de tijolos amarelos me chama e eu estou chegando perto, enquanto tu ficas nos laconismos que impedem a nascente de equilibrar o rio que nós secamos.
Esquece de tudo aqui e agora e nunca mais me volta a cara. Não me enche mais de tantas especulações se não tens a decência de sustentar o caminho que novamente abristes em mim. Não deixa mais dobrada a minha poesia!
Mudo, silencio agora pra me banhar no mar.
Assinar:
Postagens (Atom)