Página por página os traços vez por outra apareciam, sublinhando alguns trechos ou rabiscando asteriscos. Poucas gotículas se precipitam no abismo céu até despedaçarem-se no próprio céu em algum bocado de moléculas, depois, se as nuvens estiverem com muito vapor concentrado, empunhadas daquele cinza de massa de papel reciclado, o volume de gotas aumenta e a chuva torna-se densa, tornando audível o som da chuva. Eu era a chuva, o som da chuva eram os traços. Até que com um sorriso de satisfação encontrei o que minha tensão de gotas de chuva denunciara há muito:
- Parlez-vous français ?
Os riscos haviam se transfigurado em palavras francesas. Eu não sabia falar francês, mas compreendi o convite que elas me faziam. A disposição das palavras me obrigou a revirar o livro, mudando-o de posição aos poucos para pegar carona no embalo daquelas frases. Havia também o nome do provável autor, era uma menina que tinha três palavras no nome. Existiam outros períodos em francês, mas destes não me recordo. Sorri formando bolsas e rugas nos olhos. Um sorriso de pouca gente e de muito de mim.
Parei mais alguns minutos naquela página e segui. Um dia aprendo francês.
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