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terça-feira, 14 de maio de 2013

costura

Meus olhos seguiam o compasso das letras do livro, enquanto eu imergia no pequeno lago escondido, em meio ao matagal, daquela floresta que eram as histórias dos personagens. Passadas já as primeiras páginas, notei o grafite, eram traços tortos feitos com lápis grafite, provavelmente daqueles que em seu corpo vem aquela tabuada de matemática com aqueles resultados precisos. Mas os traços marcados ali, no livro, eram tortos e alguns pareciam mesmo feitos à esmo.

Página por página os traços vez por outra apareciam, sublinhando alguns trechos ou rabiscando asteriscos. Poucas gotículas se precipitam no abismo céu até despedaçarem-se no próprio céu em algum bocado de moléculas, depois, se as nuvens estiverem com muito vapor concentrado, empunhadas daquele cinza de massa de papel reciclado, o volume de gotas aumenta e a chuva torna-se densa, tornando audível o som da chuva. Eu era a chuva, o som da chuva eram os traços. Até que com um sorriso de satisfação encontrei o que minha tensão de gotas de chuva denunciara há muito:

- Parlez-vous français ?

Os riscos haviam se transfigurado em palavras francesas. Eu não sabia falar francês, mas compreendi o convite que elas me faziam. A disposição das palavras me obrigou a revirar o livro, mudando-o de posição aos poucos para pegar carona no embalo daquelas frases. Havia também o nome do provável autor, era uma menina que tinha três palavras no nome. Existiam outros períodos em francês, mas destes não me recordo. Sorri formando bolsas e rugas nos olhos. Um sorriso de pouca gente e de muito de mim.

Parei mais alguns minutos naquela página e segui. Um dia aprendo francês.

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