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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

leia novamente

sexo
lava a louça
humanidade
tua barba
sabe, 
que você é lindo porque é ser humano
deus, você tem olhos,
sai em vibrações
geme
é em olhar você
que nós transamos juntos
quando tu me corresponde
com outro 
olhar,
acorde
um acorde
para eu e tu cantar
nem pensas que seja assim
é tão bom alisar teu cabelo
em[quando]
te vejo dormindo
deixa-me ligar esta música
estamos sorrindo
dizemos
o que?
pensei em te amar
ouvi o tropical
decidi apenas te querer
sai,
vê o mundo
e observa
a hum [aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa] ni da de

domingo, 8 de setembro de 2013

um título para essa [põe][ia]

Para mais uma noite de verão, eu olho pela janela enquanto o ônibus faz a curva. Cada descida, subida, freada, na verdade, cada percurso, e durante todos esses que o ônibus faz até a minha casa, é minha vida. Vejam-me bem, não é de se preparar para ter o coração em alternações escandalosas quando este mesmo  já por sua natureza humana carrega morte a cada oxigenação. Carrego minhas mãos e as levo até o céu para, junto de meus braços, circularem pelos rostos de todo esse povo que não me diz respeito, dance-as! 

Olhar para um conjunto de vazios imersos num substrato coerente: sim, é preciso impor-se à própria boca que se contrai em presença de gente estranha, sim, viver é necessário. Rasguem-me um saco de bolas multicoloridas em cima da mesa de jantar. Preciso respirar como boi bumbá! Autentiquem-me numa escada feita de grama.  Desconstrua esse verso de amor talhado à pó. Dar-se com chuva, feito gaiola, sabiá.

Um sopro, continuo tendo a capacidade [humana] de mar, ar, amar. Com que coragem se delineia o canto de um sabiá? Desenhe, menino, o bater do tambor do axé é amar. Reflua-se para quem tu ama e dar-se, em todo de não se esperar, para quem tu esperas pelo beijo com a luz branca da tela do cinema, resume, dê-se, em mente, que não precisas esperar: chocolate.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Padrões

Pensei em adotar atitudes pasteurizadas e opacas, atitudes padrão. Adotando um padrão talvez seja dispensável a aflição do não saber o que e como fazer. Ora, se o limite é ultrapassado, adotando uma mesma atitude para as situações, a mente e o coração encontram, no mínimo, um sossego de uma noite bem dormida. É que ainda dou meus olhos cheios de sangue advindos do coração.

Parei a leitura por um instante e divaguei entre os móveis banhados pelo semitom acinzentado da lua até sentir a dorzinha de aterrizar os braços na divisória da varanda, entre o apartamento e o vazio do céu do mundo. Lê aquele diário de notas corriqueiras, entre ônibus tardios e acepções multicoloridas de um adolescente de treze anos, fez-me o pensamento nadar em cima do mármore que delimitava as portas de cada cômodo do apartamento. 

Eu queria ser uma lata de tinta multicolorida, não, talvez azul, que é a minha cor preferida, ainda não. Afinal, só o conteúdo da lata de tinta azul. Joguem-me todo em alguma superfície que não seja o mar! O mar já é azul e o líquido sou eu. Necessário dizer da sujeira que ficará na superfície, o espatifado e, por ventura, a queda de objetos ao se depararem com o peso da tinta, numa onda de azul denso. Embora a tinta seja livre, ela não se liquefaz ao ser jogada contra as superfícies não-mar; humana.

Chove lá fora, enquanto eu, seco, me pergunto se não estou suando por dentro.