Pensei em adotar atitudes pasteurizadas e opacas, atitudes padrão. Adotando um padrão talvez seja dispensável a aflição do não saber o que e como fazer. Ora, se o limite é ultrapassado, adotando uma mesma atitude para as situações, a mente e o coração encontram, no mínimo, um sossego de uma noite bem dormida. É que ainda dou meus olhos cheios de sangue advindos do coração.
Parei a leitura por um instante e divaguei entre os móveis banhados pelo semitom acinzentado da lua até sentir a dorzinha de aterrizar os braços na divisória da varanda, entre o apartamento e o vazio do céu do mundo. Lê aquele diário de notas corriqueiras, entre ônibus tardios e acepções multicoloridas de um adolescente de treze anos, fez-me o pensamento nadar em cima do mármore que delimitava as portas de cada cômodo do apartamento.
Eu queria ser uma lata de tinta multicolorida, não, talvez azul, que é a minha cor preferida, ainda não. Afinal, só o conteúdo da lata de tinta azul. Joguem-me todo em alguma superfície que não seja o mar! O mar já é azul e o líquido sou eu. Necessário dizer da sujeira que ficará na superfície, o espatifado e, por ventura, a queda de objetos ao se depararem com o peso da tinta, numa onda de azul denso. Embora a tinta seja livre, ela não se liquefaz ao ser jogada contra as superfícies não-mar; humana.
Chove lá fora, enquanto eu, seco, me pergunto se não estou suando por dentro.
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