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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Movimento: entre águas, desenho, carvão e traços,

Deu-me vontade de te ter mais perto de mim e desenhei, dizendo para o coração que aquilo seria só um esboço de despropósito. Findo o conjunto dos traços, notei, com o olhar, agora distanciado, que o ângulo estava equivocado. Foi um esboço, uma primeira tentativa de conhecer as curvas que formavam teu rosto. Depois, já atento, fiz um outro esboço e nesse, tuas inclinações e descontinuações estavam mais tuas e eu te conhecia pela segunda vez. Guardei o papel na pasta preta e deixei na madrugada germinar.

No outro dia, era tempo de fazer o preto do carvão parir tons escalados. Juntei o material, arranjei uma folha maior,de papel mais forte para suportar o atrito do esfuminho e o umedecer das pinceladas, organizei tudo e comecei a tocar você. Engano. O carvão era rude demais fazendo teu rosto ficar com os tons equivocados. Quis começar novamente, mas apenas dispunha de uma única folha forte, duradoura para fixar o desenho. Continuei, definhando pequenos bolores de papel, errando tons, me aproximando de ti.

Dentro de todos os erros, fui construindo naquele papel um símbolo de você. O desenho ficou com os tons sujos, demasiadas nuances entre as escalas de cinza. Ficaste próximo. Penso que morreste todos os dias. Que um dia passe que nem ondas do mar.

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