Deixo a minha voz contar histórias para o filho que me abraçará de Pai um dia. Todos os dias, antes de dormir, é claro, subtraindo-se o entusiasmo inicial e o cansaço do trânsito nosso de cada dia, contarei histórias para ele. Então, começará a memorizar o jeito com que pronuncio as palavras, gostando de algumas sílabas, não importando-se com outras. E eu lhe direi que um dia, não muito longe, conhecerá cada hora da madrugada. Tateando como os outros, já com moedas vividas. Também lhe falarei de meus pensamentos em épocas de meninice logo antes de dormir: o que me era mais marcante no dia se vestia, feito vestido de água, numa névoa escura, por ser assim triste, como quem tem, já guardado no pensamento, a certeza de que aquilo já passou. Saudosismos de infância. Empolgado com a leitura, não percebo que o pequeno, enfim, dorme, fácil e silencioso. Hoje, novamente, completei-me de uma coragem chamada alegria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você já chegou até aqui,então comenta !