veja bem, meu bem
sente-se aqui, precisamos conversar
nunca mais você apareceu
e agora voltaste vendo-me em olhos lágrimas quentes
numa voragem pedindo sons de você para os meus ouvidos
numa passagem que fazes com tuas mãos, entre meu rosto, escuto o som do mar redento numa madrugada
mira e não se sabe mais razão de ser de barragens frias que alguns dizem deixar a vida em vias menores
requerer dentro da certeza que o sol faz naquele fio de água a descer pelas calhas das casas ao misturar-se com o amarronzado do ferrugem
se sabe que é preciso falar para viver
não me escrevam sobre vida
não vês o quão simples é olhar as toalhas no varal das casas vizinhas sombreadas por duas altas, mangueira e figueira, a compor a mesma melodia de calmaria feita quando teu corpo se torna a minha proteção?
olha só, amor
em músicas de varal vão se costurando os aviõezinhos da toalha com que enxugas o teu corpo depois de luzes frias banhando dois olhos quentes
uma chave sem medo é deixar-te me ver em olhos todos seus
é não conseguir disfarçar o sorriso encostado na tua boca dizendo tuas nomeações em mim
rabiscados mal feitos por força de músicas com sorvetes cheirosos
eu digo enquanto deixo você me ver: decifra-me
numa cifra de letra de música
num canto que só diz ser tudo o que se sente
em crônicas de dias de semana
sambinha bom com Mallu
aqui em casa com Mariana
quero continuar cantando pra você
e tudo isso vai ficando um texto descompassado
sem cerimônia, nem rima, só mesmo com eu e você
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