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quarta-feira, 2 de abril de 2014

#2 plus I told u

minha mãe sempre cantava enquanto alisava meu rosto durante uma noite qualquer de frio ou de tosse, uma música que falava sobre jesus de Nazaré, cresci com essa melodia sendo cantada por sua voz. desconhecia a gravação original, o autor da canção, a época em que foi feita e o seu contexto e religião. achava mesmo que era um cântico de tempos de mães que se estendia infinitamente aos tempos de filhos. sem denominações de mercados sonoros. daquelas músicas que se nasce do saber popular, da vivência dos silêncios nas janelas de interior, vendo as crianças correrem por ruas de terra batida, num campo de seca, onde o sorrir de todos os dias é feito pelo suor entre as costelas aparentes de meninos que nem líquido para esbanjar aquele suor eles próprios tem. mas, mesmo assim, ainda suam, porque é preciso viver. certamente sentia que era possuidor de um coração em horas de noites acalentadas por essas melodias. órgão que está ali mesmo com os poucos momentos que dizemos para ele que também estamos ali. estar-se ali, sentido com a seca invadindo os olhos, gotas significativas a molhar a terra despercebida. carregar-se numa feirinha de tijolos azuis de líquidos neandertais. rever-se numa procissão de boias congeladas. florescer nunca foi de história passada. profusão de estrelas, citações herméticas. citações embaraçadas. citações necessárias para passar. brum e acordo dentro de um sonho incompreensível de fundo completo branco onde qualquer respiração é cor, qualquer sentido é materializado e exposto aos olhos do sonhador. e você vê que talvez não suportes olhar para tudo isso. e eu ponho um ponto e vírgula numa fachada sonhada, sem melodia ritmada. passaria ferro enquanto engomo textos para expor em varais de mim? enquanto você não torna a voltar e eu te pergunto por em que horas anda o teu coração. eu te pergunto sobre ele, começo a falar deveras sobre ele e tu se lembras que além da respiração a impulsionar o sangue, ele também te guia nas possibilidades que a vida te coloca para ser colo de quem te demora. nesse instante acordes condensados reverberam-se no trançado de respirações ofegantes, compassadas e repassadas para outrem. quero falar tudo de outra forma, porém com os mesmo sentimentos, apenas com outras letras e outras palavras que não soem tão feitas específicas para essas ocasiões. historinha pro sinhozinho contar pra mãe preta? continuemos então no texto, com índios distantes pousando no hemisfério sul da América. com os risos imaginados, com tudo isso que se insiste em ficar, promessas feitas no silêncio entre as palavras. dói da mesma forma que o prazer se limitou a dizer tudo num espaço de mim feito de estrelas marítimas. cada verso é um trago para todas aquelas pessoas sentadas no bar que tu me conheces-te. bem, raciocínios exatos voltaram ao encontro do começo. junto com aqueles sentimentos que sempre voltam em horas necessárias. a tristeza do jeca falou com o coral espírita que pulou para a banda do seu pretinho num canto em conjunto dos doces bárbaros. redomas necessárias para continuar andando em vias próprias. belezas de otto, coisas que são acesas por dentro. todas essas costuras desvendaram-me de surpresa. e talvez, depois do amanhecer em princípios de frieza e calor, todo o significado tenha se esvaído pela mesma cor de ferrugem em calhas de casas distantes.

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