Eu te deixei. Fui sonhar com o gosto das massas e das maçãs, escutei muito essa música. Aquela pressão no peito que me desvelava para a sombra do gradeado da janela na parede branca de meu quarto se foi. É, amor, um dia jurei que você era só parte de mim e me perdi. Nesse momento que escrevo, o alvoroço da presença da borboleta amarela em degradê branco, que veio me dá poesia pela abertura da janela, já arrefeceu, a borboleta desapareceu e eu escrevo com a coragem de tentar, ao menos, sorrir sem constrangimento para os que não me conhecem. Viver com o coração cheio tanto quanto me ser de dente-de-leão que se desfaz ao som da ventania das colinas.
Qual o vento que me leva? Talvez tenha sido ele que trouxe-me a chuva do sábado. De início não quis, achei todas aquelas gotas importunas para a ocasião da saída, ressabiei-me. Mesmo assim elas me deram mordidas, modificaram a minha temperatura e exibiram a cor viva que uma roupa molhada tem. A chuvarada aumentou e minha camisa grudou em meu corpo, abandonei a pouca proteção que tinha e fui me molhar, a chuva, antes negada, agora fazia-me ser sorrisos desconstrangidos pelo meu corpo, que dançava e gargalhava, nas entreluzes que as copas das árvores revelavam, feito uma criança feliz.
Continuo com aquelas doses de adrenalina somatizadas pelo pavor do desconhecido. No fundo, é assim, de matéria de viver, embora busque o sorriso da criança que comia pão-de-queijo nas tardes de segunda-feira assistindo televisão e fazendo de mimo a orelha da empregada, tem-se muito mais da frustração de não poder ter o desespero, confortável, típico de criança. Mas, é na minha humanidade que me vejo transparente e posso ver também o cristalino de minhas células, é só assim que posso seguir com meus erros, de coração tecido em rede de índio.
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